sexta-feira

Sacorelhe

Que saudades... O cheiro da terra molhada, ou apenas o cheiro da terra, sem mais nada. O sabor do ar, aquele sabor a campo, puro, verdadeiro. A realidade tão bem definida, tudo tão simples. As rodas dos carros de bois, o alarido dos galos pela manhã, os bons dias a cada esquina do caminho. E a claridade, aquela luz forte da manhã que entra pelas frestas das portadas vermelhas de madeira... O quentinho daquela lareira gigante, à noite, enquanto lá fora uivam os cães, e faz um frio de rachar. O cheiro daquele calor, misturado com o sabor a lenha. Lenha de pinheiro, verdadeira, real, como o resto. Tudo parece mais real em Sacorelhe. As pessoas são genuínas, humildes, sérias. No meio daquele vale rodeada de árvores por todos os lados, está situada aquela pequena aldeia que tanto me diz, onde passei muitos (para não dizer todos) verões da minha vida. E onde guardo as memórias de pequenino, as memórias de amigos, as memórias de pessoas que me marcaram, as memórias das pessoas que me amam, ou me amavam... as boas memórias, que guardo ali, para ninguém as roubar. Estão em cada estante, em cada mesa, em cada livro, em cada esquina e em todos os cantinhos daquela casa. E quando penso naquela varanda, virada para o mar verde dos montes, descanso por dentro, respiro fundo e digo para mim: Que saudades!

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